🌱 Adeus, refrigerantes nas escolas! 🇲🇽✨

O México deu um passo ousado e histórico na luta contra a má alimentação e os seus efeitos devastadores na saúde pública. Desde 29 de Março de 2025, está em vigor uma medida radical: a proibição da venda e da publicidade de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas em todas as escolas do país. A decisão surge no âmbito da actualização da Lei Geral da Educação, inserida no programa “Vive Saludable, Vive Feliz”, cujo propósito é transformar os hábitos alimentares da nova geração.

A lei não se limita apenas a retirar refrigerantes como a Coca-Cola ou a Pepsi das cantinas escolares. Vai muito além disso: engloba também biscoitos recheados, salgadinhos, doces e outros produtos ultraprocessados que, durante décadas, fizeram parte da rotina alimentar das crianças. No seu lugar, surgem frutas, verduras, sementes e água potável, além de uma maior vigilância sobre a higiene e a qualidade dos alimentos servidos.


📊 O problema da obesidade infantil no México

O pano de fundo desta medida é alarmante. De acordo com a Encuesta Nacional de Salud y Nutrición (ENSANUT 2020–2022), cerca de 37 % das crianças mexicanas em idade escolar sofrem de sobrepeso ou obesidade. Isto corresponde a aproximadamente seis milhões de estudantes.

Mas a situação não se resume ao excesso de peso. Paradoxalmente, o México enfrenta também desnutrição, nanismo e carências nutricionais em parte da sua população infantil — um retrato duro da desigualdade social que impede o acesso a uma alimentação equilibrada.

Neste cenário, o consumo massivo de bebidas açucaradas desempenha um papel central. O México, aliás, é frequentemente apontado como um dos maiores consumidores de refrigerantes no mundo. Vários estudos relacionam este padrão de consumo com o aumento de doenças crónicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e problemas cardiovasculares, doenças estas que têm início muitas vezes já na infância.


🏫 O impacto nas escolas e nas famílias

A escola, por ser um espaço de formação integral, é o local escolhido pelo governo para iniciar esta transformação. A lógica é simples: se a criança passa grande parte do seu dia na escola, é ali que ela deve ter acesso a hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis.

Para reforçar a eficácia da medida, foram implementadas campanhas de sensibilização em rádio e televisão, formações online para professores e materiais educativos para as famílias. A intenção é criar um círculo virtuoso em que escola, família e comunidade caminhem juntas em direcção a uma alimentação mais consciente.

Os resultados esperados não são apenas físicos, mas também pedagógicos e sociais. Uma criança bem nutrida aprende melhor, concentra-se mais nas aulas e tem maior energia para o estudo e para a actividade física. Além disso, ao aprender a valorizar alimentos naturais, a criança carrega este conhecimento para casa, influenciando também os hábitos familiares.


🌍 O México segue exemplos internacionais

Não se trata de uma experiência isolada. Outros países latino-americanos, como Chile e Brasil, já haviam implementado restrições ao consumo de refrigerantes e alimentos ultraprocessados nas escolas. No Chile, por exemplo, a estratégia incluiu rótulos de advertência nas embalagens e limitação da publicidade dirigida às crianças.

Estes exemplos mostraram que políticas públicas de saúde bem delineadas podem alterar comportamentos colectivos e reduzir índices de obesidade infantil em médio prazo. O México, portanto, segue uma tendência global de enfrentar de forma directa a indústria dos ultraprocessados e os seus impactos na saúde pública.


🤔 Reflexão para Angola

A decisão mexicana levanta uma questão importante para nós: será que Angola poderia adoptar uma medida semelhante?

O contexto angolano apresenta semelhanças e diferenças significativas. Por um lado, o país ainda enfrenta graves problemas de desnutrição infantil, nanismo e deficiências nutricionais em várias regiões, sobretudo nas áreas rurais. Mas, por outro lado, nas cidades, cresce o consumo de refrigerantes, fast food e alimentos industrializados, criando uma nova realidade de obesidade, diabetes e hipertensão cada vez mais cedo.

A implementação de uma lei como a do México em Angola teria certamente desafios. Seria necessário:

1. Reestruturar as cantinas escolares, garantindo acesso a alimentos frescos e seguros.

2. Investir na agricultura local, para assegurar o fornecimento de frutas, verduras e legumes a preços acessíveis.

3. Educar as famílias, mostrando que uma boa alimentação é investimento em saúde e aprendizagem.

4. Regular a publicidade de refrigerantes e doces, especialmente a dirigida às crianças.

Se Angola desse este passo, poderia prevenir a geração futura de problemas de saúde pública, poupando recursos do Estado e melhorando a qualidade de vida da população. Seria um acto de coragem política e de visão de longo prazo, pois a alimentação das nossas crianças é, em última análise, a base da saúde da nação.















📚 Referências Bibliográficas


1. TNH1. Adeus Coca-Cola e Pepsi: governo cria medida radical para proibir o consumo de refrigerantes no país. Maceió, 2025. Disponível em: https://www.tnh1.com.br/variedades/adeus-coca-cola-e-pepsi-governo-cria-medida-radical-para-proibir-o-consumo-de-refrigerantes-no-pais/. Acesso em: 06 set. 2025.

2. INSP – Instituto Nacional de Salud Pública (México). Encuesta Nacional de Salud y Nutrición 2020 sobre Covid-19. Resultados Nacionales. Cuernavaca: INSP, 2022.

3. Organização Mundial da Saúde (OMS). Childhood overweight and obesity. Genebra: WHO, 2024. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight. Acesso em: 06 set. 2025.

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